As lembranças dele: a voz, a maciez dos seus cabelos, o cheiro do seu sabonete.

Faz tempo que não pinto por aqui para falar do meu Pai.

Acho que porque eu me curei, eu estou tratada de todas as deficiências da sua partida.

E sinto-me feliz com o fechamento definitivo desse ciclo, pois foi sofrido demais, doído e desesperançoso demais, mas venci, acredito que vencemos, pois meu Pai deve estar feliz também. Não posso deixar de citar em Celio, Carol e Cassiano que foram importantes para minha vitória.  

Acreditar ou não em Deus (ter fé) acredito não ter nada a ver com essa história de sofrer mais ou sofrer menos, tampouco amar mais ou menos o ente que partiu, muito menos haver pendências emocionais ou não com o falecido... O fato é que perde-se as forças para reagir e se adoece. 

É assim com todo mundo? Não, mas comigo e com milhões de pessoas sim.

Acontece como se fosse um grande acidente de trânsito, com várias vítimas... Os atropelados são os que estão de luto... mas uns saíram ilesos do acidente (sem ferimentos), outros machucados a tal ponto que terão de aprender viver novamente... uns vão se recuperar rápido, outros vão demorar, já outros nem se recuperar vão (infelizmente conheço gente que morreu de dor pela morte de ente querido). 

Ando pensando seriamente em escrever um livro sobre o que me aconteceu (a ideia está amadurecendo cada vez mais); Sobre o luto, sobre as etapas que vivi, sobre não querer deixar o luto, sobre o transtorno, até a felicidade por sair do luto. Acho que posso ajudar muito a outras pessoas, pois hoje me considero uma vitória. Não será um livro para quem não entenda sobre o que falo, será um livro para quem tenha afinidade, se encontre na mesma situação ou precise ajudar alguém, e, certamente essas pessoas me considerarão uma vitoriosa também.

É o que eu sinto, é o que eu hoje sou... uma vitória.

Saudades sim, mas tristeza nunca mais.